quarta-feira, 11 de março de 2009

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Orgulho
Personalidades lembram demandas
no Dia Internacional da Mulher

Publicado em 07.03.09 : : Pedro Marra, da equipe ParouTudo

Elas fazem e acontecem o ano inteiro, mas é 8 de março a data escolhida como Dia Internacional da Mulher. Elas sabem o que é sentir na pele o preconceito desde muito cedo, mas no caso das mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais, o preconceito é sentido de forma mais intensa desde a infância. Historicamente as aspirações feministas inspiraram o movimento LGBT na luta por direitos e visibilidade. São nossas aliadas.
A luta é difícil e a busca por um lugar na sociedade pode ser marcada por frustrações, mas nem por isso elas desistem. No dia 8 de março, mais do que dar 'parabéns' é preciso olhar para as necessidades das mulheres para que possamos também ir em busca das nossas. O ParouTudo conversou diversos perfis de mulheres, de diferentes áreas de atuação e que estão comprometidas com uma realidade diferente da tradicional tríade 'mãe, mulher e profissional'.




: : Senadora Serys Slhessarenko

Senadora Serys é um das coordenadoras da Frente Parlamentar
pela Cidadania LGBT, é também segunda vice-presidente
do Senado Federal e do Congresso Nacional e uma
das articuladoras responsáveis pela aprovação da Lei Maria da Penha
"É preciso rediscutir, incansavelmente, questões como o papel da mulher na família; o preconceito que envolve o trabalho doméstico, ainda considerado, por muitos, como uma "vocação feminina"; o mito da fragilidade feminina, resultado de uma tradição cultural segundo a qual a mulher deve ser "protegida por não ter capacidade de se manter sem o amparo de um homem".
"Precisamos combater com mais empenho a violência contra a mulher, tanto a violência física quanto a violência moral, em casa ou no trabalho. E o recrudescimento da punição para esse tipo de crime é uma parte importante da equação. Lembremos, porém, que não solucionaremos o problema em definitivo enquanto não ocorrer uma revolução cultural em nosso País".




: : Jandira Queiroz

Ativista, lésbica e feminista, integrante da
Sapataria - Coletivo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais do DF
"Recebemos rosas na rua no dia 8 de março, mas continuamos recebendo todo tipo de violência ao longo do ano. As medidas práticas que precisam ser tomadas, sempre são proteladas para depois, por exemplo: educação não-sexista, implementação efetiva da Lei Maria da Penha, ampla difusão de informação para que as mulheres saibam que têm direitos, e como defendê-los. Ou seja, a nossa luta ainda é longa e espinhosa".
" Aprendemos que nosso corpo não nos pertence. Ele pertence ao pai, ao marido, ao Estado. Não temos autonomia nem mesmo para decidirmos se queremos ou não ser mães. Nós mulheres não precisamos ter mais visibilidade. Nossa luta é por direitos iguais, acesso equitativo a educação, mercado de trabalho, renda, serviços públicos e por respeito como seres humanos".




: : Laurize Oliveira

DJ mais fervida de Goiânia, residente do clube The Pub.
É também uma das residentes da festa GLOW
"Acredito ser apenas uma data comercial. Não acredito que nós mulheres precisamos de ter um dia especial para que sejamos lembradas ou que algo extraordinário aconteça nesta data para sermos tratadas dignamente. Que o diga as mulheres que ainda são maltratadas pelos companheiros neste país".
"Eu acredito que as mulheres nos últimos anos deram um "banho" literalmente em cima dos homens se firmando cada vez mais no mercado de trabalho e por consequência aparecendo com mais frequência na mídia. Em grande parte, com certeza, as mulheres já estão onde sempre deveriam estar, em destaque. A visibilidade maior virá com as conquistas que ainda estão por vir. Isto será uma questão de tempo".



Andréa Stefani

Consultora em Direitos Humanos, pesquisadora iniciante
em Direito e Gênero pela UNB, artista multimeios e feminista
"Nem toda mulher é fã de salões de beleza, nem toda mulher acredita na moda como realização pessoal e compra todas as bolsas e sapatos que "estão na moda". Há mulheres que curtem futebol e outras que batem papo sobre política e negócios, entre outros assuntos. As revistas e as TVs "vendem" uma mulher "alienda", fútil, desinteressada no País e no mundo. O que não condiz com a realidade".
"Eu queria ver na mídia, de maneira verdadeira, tão como são, as mulheres de todas as qualidades: negras, indígenas, lésbicas, bissexuais, trabalhadoras do campo, prostitutas, ciganas, positivas, ribeirinhas, rezadeiras, quebradeira de côcos, e todas as outras que estão "invisíveis" para o Brasil. Por fim, em meu modo de ver, a educação e o mercado de trabalho ainda são terrenos pouco explorados, já que ainda estamos na fase das "melancias" e frutas afins".






: : Joana Darc Melo

Radialista, lésbica, mãe de um rapaz de 21 anos e vice-presidente
da Federação LGBT do DF e Entorno

"Muita coisa mudou desde a Revolução dos Sutiãs e mesmo assim as mulheres ainda não alcançaram igualdade de direitos. É bem verdade que nos últimos anos a mulher tem obtido visibilidade em diversos campos seja na política, mercado de trabalho ou mídia mas ainda assim está muito longe de equiparação com os homens".
"Somos um país machista e para se acabar com isso, temos que criar políticas públicas que não sejam feministas voltadas para as mulheres. A data em sí deveria ser voltada para seu cunho principal , que é a luta por igualdades de direitos e deixar de ser mais uma data consumista".

: : Marta Ramalho e Lenne Evangelista

Marta é assessora de projetos do Grupo Elos e e Lenne é coordenadora
do núcleo LGBT da FEMUBE (Federação das Mulheres Unidas de Brasília
e Entorno) e secretária geral Grupo Elos
"O dia 8 de março sempre trouxe a marca de luta da mulher pela igualdade de Direitos. É através desta lembrança que as mulheres não deixam morrer a convicção de uma melhor qualidade de vida para todas, através dos direitos humanos e do reconhecimento do poder público de que precisamos de muito mais saúde, educação, qualificação profissional, trabalho, cultura, lazer, entre outros fatores importantes para a cidadania completa e de direitos da mulher, mãe e estrutura da família".
"Se compararmos tudo que as mulheres já vivenciaram na busca de reconhecimento de igualdade de Direitos e o que elas vivenciam hoje, podemos dizer que realmente tivemos algumas conquistas, mas acredito que a nossa maior conquista foi de pensamento e fidelidade em que nós acreditamos que podemos a cada dia contribuir para mais um passo de vitória".
* Marta e Lenne responderam juntas às perguntas. Elas fazem parte da Federação LGBT do DF e Entorno, grupo que concentra diversas outras entidades do segmento.

: : Sônia Moraes

Bissexual, secretária-geral do Estruturação e
coordenadora do Núcleo de Lésbicas da entidade
"Um data para que mulheres se lembrem de sua força e para que homens possam refletir sobre o quanto o machismo é algo desumano. É inegável o quanto a mulher tem conquistado espaço em todos os ambientes. Não vejo nenhum ponto de retrocesso. Isso é maravilhoso, mas não podemos descansar. Temos de continuar essa expansão".

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